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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A BORBOLETA

Wallace Leal V. Rodrigues

Como todos os garotos travessos, eu tinha a mania de meter-me em complicações.
Depois para sair delas, saia correndo para pedir o auxílio de mamãe.
Ela, porém, sem irritar-se e nem repreender-me, sempre encontrava um meio de deixar que eu me desembaraçasse sozinho.
Para mim, aquilo significava que ela estava se recusando a auxiliar-me.
Eu me revoltava em silêncio, sem poder compreender.
Em uma manhã, às vésperas da primavera, ela gritou o meu nome no jardim.
Fui ver o que era. Mostrou-me um casulo castanho, firmemente preso a um ramo de cipreste.
-  Veja, disse-me interessada. A borboleta já está se agitando ali dentro.
De fato o pequenino cartucho parecia até pular e aquilo me deixou impaciente.
Eu tinha um canivete no bolso, tirei-o, abri-o e, sem consultar mamãe, disse-lhe:
-  Vou ajudar essa coitada de borboleta a sair daí de dentro.
Mamãe simplesmente curvou-se sobre o meu ombro, acompanhando a operação.
Mas, para minha decepção, o que saiu lá de dentro nem era uma larva e nem era uma borboleta.
Extremamente frustrado eu olhava o estranho animalzinho quando mamãe me afagou os cabelos e disse com especial tom de afeto na voz:
-  Meu filho, ainda não era o tempo certo. A lagarta estava ativamente trabalhando com uma finalidade: adquirir forças suficientes para que, como borboleta, pudesse alçar vôo muito acima de um mundo onde estava acostumada a arrastar-se.
Eu olhava penalizado, imaginando a lagarta marrom e feia, a rastejar. E a multicolorida e cintilante borboleta viajando nos raios do Sol. Minha mãe continuou:
-  Sem se preocupar em pensar e compreender, você abriu o casulo com o seu canivete. O bichinho, lá dentro, não pode esperar o seu tempo e amadurecer...
Eu estava com o fato diante de meus olhos: o pequenino ser vivente agora não podia nem voar, nem rastejar.
E entendi o que mamãe queria dizer. O "bichinho" ao qual ela se referia, éramos nós, as crianças.
Se eu dependesse, indefinidamente, de alguém para resolver meus problemas, jamais teria a capacidade para me desenvolver, isto é, assumir atitudes corretas, amadurecer, deixar de rastejar como uma criança que engatinha e chegar a ter um espírito próprio e independente, capacitado aos mais altos vôos.
Nunca mais me esqueci daquele incidente.
A luta da vida é vencida por etapas: cada uma delas nos prepara para a luta seguinte.
E a harmonia, a ordem perfeita da Lei que rege a Vida, garante a cada um de nós os meios para a vitória.
Não se situam lá fora, estão em nosso íntimo.
E, por isso, o auxílio melhor é aquele que vem de nós, em nosso próprio favor.

(Publicado no livro "E Para o Resto da Vida..." de Wallace Leal V. Rodrigues.

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